Por Cássia Reis e Latoya Guimarães
No dia 26 de Junho, a Juventude Negra presente na II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial reuniram-se para pensar estratégias de incidência política. As/os jovens relataram que foram tratoradas/os no processo de definição das/dos delegadas/dos em seus estados e lamentaram o não cumprimento da reivindicação realizada pela Juventude Negra na I CONAPIR, que seria a garantia de 20% de jovens no total de participantes da conferência.
As reflexões apontaram à necessidade de garantir o debate geracional no processo desta e de outras conferências, garantindo a participação da juventude e de suas demandas numa perspectiva de afirmação e reconhecimento de direitos da Juventude Negra para a garantia ao acesso às conferências em condições de igualdade de participação.
A Articulação Brasileira de Jovens Feministas registrou alguns dos depoimentos e análises das jovens lideranças do Movimento Negro presentes na II CONAPIR sobre como foi à participação da Juventude Negra nesse processo.
Samoury Mugabe da Articulação Política de Juventudes Negras e do Conselho Nacional de Juventude, convidado da conferência disse que os jovens acabaram não conseguindo incidir em suas entidades negras. E isso é um reflexo de que as entidades não têm um compromisso com a renovação de seus militantes e nem mesmo o comprometimento com o que foi acordado no ENJUNE.
Rebeca Tarique do Coletivo de Entidades Negras delegada eleita pela Juventude Negra da Bahia declarou que a participação da juventude negra foi comprometida nesta conferência posto que a estrutura e as diretrizes não respeitou os compromissos políticos construídos e principalmente o compromisso assumido na I CONAPIR de garantir 20% de jovens nas delegações. Lamentavelmente avançamos na construção de propostas e intervenções qualificadas junto ao movimento social, mas no seio do movimento negro ainda vivenciamos um processo de paternalismo político e ideológico das Juventudes Negras, onde, somos a pauta principal dos discursos mais não somos respeitados e respeitadas nos processos de participação e tomada de decisões.
Para Nzinga, jovem negra do Movimento Negro Unificado e representante do Fórum de Juventude Negra delegada eleita pela juventude de Pernambuco, quando a juventude não se organiza, as gerações mais velhas nos atropelaram no processo político. É prática comum estas gerações passarem por cima da juventude por considerarem que não temos consciência e habilidade para discutir e construir política. Quem tem que discutir política para a juventude é a juventude, afirma ela.
Marcia Regina Santos, jovem da Rede de Mulheres Negras do Paraná e do Fórum de Juventude Negra, delegada eleita, diz que é difícil falar seguramente dessa participação de maneira nacional. Já que o que foi colocado por alguns jovens de alguns estados foi à resistência em permitir que o espaço da juventude fosse tema das discussões. Posso dizer que a delegação do Paraná veio com 4 delegados jovens, sendo 3 mulheres e dessas vagas 1 foi reivindicada para o FOJUNE/PR (Fórum Juventude Negra do Paraná), assim, defendi nos processos de organização que o FONAJUNE (Fórum Nacional de Juventude Negra) fosse respeitado e visto como um grupo organizado que tem um trabalho e está fazendo frente a um problema que as entidades do Movimento Negro do Paraná não têm entre suas prioridades, que é o combate ao genocídio da Juventude Negra.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
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